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quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Munições – breve descrição da evolução das artilharias

Munições – breve descrição da evolução das artilharias


Na ampla acepção da palavra, entende-se por munição toda a espécie de provisões e apetrechos necessários a um exército ou a uma praça de guerra. Cumpre, porém, destacar apenas três das inúmeras espécies de munição de guerra: projéteis de artilharia, os de armas portáteis e as granadas de mão. Em geral, todo cartucho cujo projétil tenha diâmetro inferior a 15mm é considerado munição de arma portátil. Os calibres superiores a esse diâmetro correspondem já a munições de peças de artilharia.
Num cartucho de arma portátil, todos os componentes formam uma unidade compacta, constituída de um estojo metálico (latão) no qual é depositada carga de pólvora, um projétil fortemente preso ao estojo por sua extremidade, e o fulminante, colocado na base do cartucho. As balas de artilharia de pequenos calibres são fabricados de maneira semelhante e são conhecidas como tipo fixo. Num segundo tipo, chamado semifixo, o projétil pode ser separado do estojo, ao ser a bala introduzida no canhão, a fim de permitir ajustamentos na carga impulsionadora. Num terceiro tipo, comumente empregado nas peças de calibre grande ou médio, a pólvora, a espoleta e o projétil são manejados separadamente, até o momento em que são introduzidos no canhão para ser feito o disparo.
Projéteis de artilharia. Remonta ao século XIV a introdução dos engenhos de guerra que utilizam a pólvora para disparar os projéteis. Tudo indica que os primeiros projéteis usados nesses engenhos tenham sido simples flechas de ferro, envoltas em tiras de couro para reduzir o escapamento dos gases da pólvora no tubo de lançamento. Obviamente, tal tipo de projétil não podia ser muito eficiente, devido à imprecisão da trajetória.
Procurando solucionar esse problema, chegou-se à bala esférica, mais tarde universalmente adotada e que continuou em uso até o aparecimento das armas de fogo com alma raiada (1850 – 1870). A princípio, bolas de pedra foram usadas como projéteis. Mais tarde, com os progressos alcançados na fundição de metais, foi possível a substituição das bolas de pedra por outras de ferro, bronze ou chumbo.
Os projéteis esféricos davam resultados satisfatórios nas armas portáteis da infantaria, quando usados a curta distância, e, como munição de artilharia, quando empregados para derrubar muralhas ou parapeitos. As balas de canhão, no entanto, por maiores que fossem, eram ineficazes contra tropas inimigas em avanço, já que só corriam perigo os soldados que ficavam diretamente na linha de suas trajetórias. Por isso, conduziram-se as investigações no sentido de ser descoberto um meio prático de arremessar sobre as fileiras inimigas uma chuva de projéteis, em lugar de um só, a cada disparo. Surgiu, então, a rajada de metralhadora para os canhões de maior calibre. Isto se conseguiu com o uso de um cilindro metálico, de diâmetro igual ao do calibre do canhão, cheio de pedaços de ferro ou mesmo de pequenas pedras. Pouco depois de sair da boca do canhão, o cilindro metálico rompia-se e os inúmeros projéteis nele contidos espalhavam-se num grande raio de ação.
O acontecimento de importância que se seguiu foi a invenção da bomba: uma esfera oca de ferro moldado, cheia de pólvora negra. Essa forma original foi mantida por vários séculos. A esfera tinha um furo circular, por onde era introduzida a carga de pólvora e onde ficava a espoleta. Alguns atribuem o invento aos holandeses e outros aos venezianos. Logo foi reconhecida a vantagem do novo tipo de projétil, que veio a ser adotado pelos exércitos das grandes potências. Em compensação, muito tempo transcorreu antes que as forças navais se decidissem a experimentá-la, pois achavam que a bomba era perigosa demais para ser disparada pela artilharia naval.
Somente a partir do fim do século XVIII e princípio do séc. XIX as potências navais começaram a reconhecer a ineficácia da artilharia da Marinha. Basta lembrar que na batalha de Trafalgar (1805) não houve um só barco afundado.
A França foi a primeira das grandes potências cuja Marinha de Guerra se decidiu pelo emprego das bombas e das granadas disparadas por canhões de longo alcance, em 1822.
Em 1760, o tenente H. Shrapnel, do exército inglês, introduziu um novo tipo de projétil, por ele inventado, diferente da rajada de metralha. Esse projétil, que se tornou conhecido como shralpnel, consistia de uma esfera oca de metal, cheia de balas de pequeno calibre de uma pequena quantidade de pólvora negra, que também levava uma espoleta. Ao entrar em ação a espoleta, a explosão da pólvora não só reduzia a esfera a fragmentos, como arremessava as balas de pequeno calibre com maior força, causando grandes danos ao inimigo.


Modernos projéteis de artilharia
Os projéteis modernos para canhões raiados costumam ser classificados em três grandes categorias: ordinários, de metralha e perfurantes. Os primeiros, conhecidos pelo nome de granadas, são de forma cilíndrica, alargada. Seu estojo costuma ser de aço forjado e em seu interior é depositada a carga explosiva. A base é plana enquanto que a extremidade oposta é ogival; a espoleta é aparafusada na base. Os da segunda categoria nada mais são que aperfeiçoamentos do shralpnel. Os da terceira categoria diferem, em alguns pontos, das primeiras: têm couraça mais grossa e a ogiva é maciça e terminada em ponta.
Após a II Guerra Mundial, os grandes canhões passaram a ser cada vez mais substituídos por mísseis balísticos e teleguiados, disparados de terra e do ar.


Granadas de mão
Como o nome indica, este tipo de projétil é lançado com a mão e, consequentemente, seu alcance é bem reduzido. Entre os vários tipos existentes, citam-se as de gases lacrimogêneos, de fumaça, incendiárias etc. Geralmente têm forma ovoide e tamanho relativamente pequeno. São de ferro fundido e possuem linhas de ruptura bem marcadas, a fim de que, ao explodir, sua couraça se fracione em muitos pedaços. Uma vez arremessada a granada, o mecanismo de percussão a faz explodir decorridos cinco segundos. Com o objetivos de aumentar o alcance das granadas de mão, foi inventado um dispositivo que, adaptado à boca do cano de um fuzil, possibilita o lançamento da granada a uns 200m, enquanto o lançamento da granada manual dificilmente chega a alcançar 30m.


Projéteis de armas portáteis


Dependendo da origem da arma, o calibre (máximo de 15mm nas armas portáteis) pode ser indicado em medidas inglesas, normalmente em centésimos de polegada. Por exemplo, o conhecido cartucho calibre 22 tem um diâmetro de 22 centésimos de polegada, equivalentes a 5,6mm; o projétil de pistola automática 45 possui um diâmetro de 11,4mm. Para espingardas há um sistema diferente; o calibre da arma é determinado pelo número de balas esféricas de chumbo que perfazem uma libra de peso: o projétil calibre 16 tem 16 pequenas balas, fabricadas com uma libra de chumbo.



Fonte: MMS

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