Munições – breve
descrição da evolução das artilharias
Na ampla acepção da
palavra, entende-se por munição toda a espécie de provisões e
apetrechos necessários a um exército ou a uma praça de guerra.
Cumpre, porém, destacar apenas três das inúmeras espécies de
munição de guerra: projéteis de artilharia, os de armas portáteis
e as granadas de mão. Em geral, todo cartucho cujo projétil tenha
diâmetro inferior a 15mm é considerado munição de arma portátil.
Os calibres superiores a esse diâmetro correspondem já a munições
de peças de artilharia.
Num cartucho de arma
portátil, todos os componentes formam uma unidade compacta,
constituída de um estojo metálico (latão) no qual é depositada
carga de pólvora, um projétil fortemente preso ao estojo por sua
extremidade, e o fulminante, colocado na base do cartucho. As balas
de artilharia de pequenos calibres são fabricados de maneira
semelhante e são conhecidas como tipo fixo. Num segundo tipo,
chamado semifixo, o projétil pode ser separado do estojo, ao ser a
bala introduzida no canhão, a fim de permitir ajustamentos na carga
impulsionadora. Num terceiro tipo, comumente empregado nas peças de
calibre grande ou médio, a pólvora, a espoleta e o projétil são
manejados separadamente, até o momento em que são introduzidos no
canhão para ser feito o disparo.
Projéteis de
artilharia. Remonta ao século XIV a introdução dos engenhos de
guerra que utilizam a pólvora para disparar os projéteis. Tudo
indica que os primeiros projéteis usados nesses engenhos tenham sido
simples flechas de ferro, envoltas em tiras de couro para reduzir o
escapamento dos gases da pólvora no tubo de lançamento. Obviamente,
tal tipo de projétil não podia ser muito eficiente, devido à
imprecisão da trajetória.
Procurando solucionar
esse problema, chegou-se à bala esférica, mais tarde universalmente
adotada e que continuou em uso até o aparecimento das armas de fogo
com alma raiada (1850 – 1870). A princípio, bolas de pedra foram
usadas como projéteis. Mais tarde, com os progressos alcançados na
fundição de metais, foi possível a substituição das bolas de
pedra por outras de ferro, bronze ou chumbo.
Os projéteis
esféricos davam resultados satisfatórios nas armas portáteis da
infantaria, quando usados a curta distância, e, como munição de
artilharia, quando empregados para derrubar muralhas ou parapeitos.
As balas de canhão, no entanto, por maiores que fossem, eram
ineficazes contra tropas inimigas em avanço, já que só corriam
perigo os soldados que ficavam diretamente na linha de suas
trajetórias. Por isso, conduziram-se as investigações no sentido
de ser descoberto um meio prático de arremessar sobre as fileiras
inimigas uma chuva de projéteis, em lugar de um só, a cada disparo.
Surgiu, então, a rajada de metralhadora para os canhões de maior
calibre. Isto se conseguiu com o uso de um cilindro metálico, de
diâmetro igual ao do calibre do canhão, cheio de pedaços de ferro
ou mesmo de pequenas pedras. Pouco depois de sair da boca do canhão,
o cilindro metálico rompia-se e os inúmeros projéteis nele
contidos espalhavam-se num grande raio de ação.
O acontecimento de
importância que se seguiu foi a invenção da bomba: uma esfera oca
de ferro moldado, cheia de pólvora negra. Essa forma original foi
mantida por vários séculos. A esfera tinha um furo circular, por
onde era introduzida a carga de pólvora e onde ficava a espoleta.
Alguns atribuem o invento aos holandeses e outros aos venezianos.
Logo foi reconhecida a vantagem do novo tipo de projétil, que veio a
ser adotado pelos exércitos das grandes potências. Em compensação,
muito tempo transcorreu antes que as forças navais se decidissem a
experimentá-la, pois achavam que a bomba era perigosa demais para
ser disparada pela artilharia naval.
Somente a partir do
fim do século XVIII e princípio do séc. XIX as potências navais
começaram a reconhecer a ineficácia da artilharia da Marinha. Basta
lembrar que na batalha de Trafalgar (1805) não houve um só barco
afundado.
A França foi a
primeira das grandes potências cuja Marinha de Guerra se decidiu
pelo emprego das bombas e das granadas disparadas por canhões de
longo alcance, em 1822.
Em 1760, o tenente H.
Shrapnel, do exército inglês, introduziu um novo tipo de projétil,
por ele inventado, diferente da rajada de metralha. Esse projétil,
que se tornou conhecido como shralpnel, consistia de uma
esfera oca de metal, cheia de balas de pequeno calibre de uma pequena
quantidade de pólvora negra, que também levava uma espoleta. Ao
entrar em ação a espoleta, a explosão da pólvora não só reduzia
a esfera a fragmentos, como arremessava as balas de pequeno calibre
com maior força, causando grandes danos ao inimigo.
Modernos projéteis de
artilharia
Os projéteis
modernos para canhões raiados costumam ser classificados em três
grandes categorias: ordinários, de metralha e perfurantes. Os
primeiros, conhecidos pelo nome de granadas, são de forma
cilíndrica, alargada. Seu estojo costuma ser de aço forjado e em
seu interior é depositada a carga explosiva. A base é plana
enquanto que a extremidade oposta é ogival; a espoleta é
aparafusada na base. Os da segunda categoria nada mais são que
aperfeiçoamentos do shralpnel. Os da terceira categoria
diferem, em alguns pontos, das primeiras: têm couraça mais grossa e
a ogiva é maciça e terminada em ponta.
Após a II Guerra
Mundial, os grandes canhões passaram a ser cada vez mais
substituídos por mísseis balísticos e teleguiados, disparados de
terra e do ar.
Granadas de mão
Como o nome indica,
este tipo de projétil é lançado com a mão e, consequentemente,
seu alcance é bem reduzido. Entre os vários tipos existentes,
citam-se as de gases lacrimogêneos, de fumaça, incendiárias etc.
Geralmente têm forma ovoide e tamanho relativamente pequeno. São de
ferro fundido e possuem linhas de ruptura bem marcadas, a fim de que,
ao explodir, sua couraça se fracione em muitos pedaços. Uma vez
arremessada a granada, o mecanismo de percussão a faz explodir
decorridos cinco segundos. Com o objetivos de aumentar o alcance das
granadas de mão, foi inventado um dispositivo que, adaptado à boca
do cano de um fuzil, possibilita o lançamento da granada a uns 200m,
enquanto o lançamento da granada manual dificilmente chega a
alcançar 30m.
Projéteis de armas
portáteis
Dependendo da origem
da arma, o calibre (máximo de 15mm nas armas portáteis) pode ser
indicado em medidas inglesas, normalmente em centésimos de polegada.
Por exemplo, o conhecido cartucho calibre 22 tem um diâmetro de 22
centésimos de polegada, equivalentes a 5,6mm; o projétil de pistola
automática 45 possui um diâmetro de 11,4mm. Para espingardas há um
sistema diferente; o calibre da arma é determinado pelo número de
balas esféricas de chumbo que perfazem uma libra de peso: o projétil
calibre 16 tem 16 pequenas balas, fabricadas com uma libra de chumbo.
Fonte: MMS
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