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quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Direita ou Esquerda?


Os conceitos de direta e esquerda até hoje utilizados têm origem nas reuniões dos Estados Gerais e da Assembleia Nacional francesa. Os contrarrevolucionários, aristocratas e absolutistas que se sentavam à direita no plenário, tornaram-se conhecidos como “a direita”; os revolucionários ou patriotas ocupavam os lugares à esquerda.
Essa “esquerda” se dividia em dois subgrupos, integrados por membros do Clube dos Jacobinos e do Clube dos Cordeliers. Não eram os únicos clubes politicamente comprometidos: muitos projetos e mobilizações da França revolucionária nasceram nesse tipo de associação, que eram focos de vida pública, locais em que a população urbana se reunia para discutir suas reivindicações.
Entre os clubes revolucionários, o dos Jacobinos foi o mais influente, a ponto de criar filiais em quase todas as províncias francesas. Os jacobinos permitiam que deputados, escritores, jornalistas e todos aqueles que podiam pagar altas mensalidades participassem de suas reuniões. Nelas, discutiam-se temas que iam muito além da opção republicana, tais como a possibilidade de uma revolução permanente, uma ditatura revolucionária e o terror do Estado. O direito de participação e discussão, porém, era vetado às mulheres, que não podiam est presentes sequer como ouvintes.
Com o aprofundamento da revolução, as divergências entre os jacobinos dividiram o Clube, dando origem ao grupo dos girondinos, representantes da alta burguesia e de tendência política liberal. Inicialmente, os partidários do novo grupo eram chamados de brissotinos devido ao nome de um de seus líderes, Brissot. Depois passaram a ser denominados girondinos, pois muitos dos seus porta vozes provinham da província francesa da Gironda.
Mais popular que a associação dos jacobinos, o Clube dos Cordeliers tinha em sua composição representantes da população mais pobre dos subúrbios de Paris e inclusive mulheres. A mensalidade dos Cordiliers era bem acessível, equivalente ao preço de um pão de 46º gramas no período revolucionário. Assim, o clube acabou se tornando ponto de encontro dos sans-culottes (grupo formado por pequenos comerciantes, artesões e assalariados) que ali discutiam questões como a necessidade de vigilância sobre os eleitos e funcionários públicos administrativos. Os sans-culottes e outros setores da população pobre da capital tiveram participações decisiva na segunda fase da Revolução Francesa, que proclamou a República e executou Luís XVI e a rainha Maria Antonieta.


(...) Enquanto a primeira havia sido feita por uma burguesia abastada de togados que, depois, toma o seu cargo as administrações departamentais e municipais, a segunda é obra da plebe de Paris, das divisões administrativas, dos sans-culottes. (...)



Fonte: Rémond, René. O Antigo Regime e a revolução.

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