Os conceitos de direta e esquerda até hoje utilizados
têm origem nas reuniões dos Estados Gerais e da Assembleia Nacional
francesa. Os contrarrevolucionários, aristocratas e absolutistas que
se sentavam à direita no plenário, tornaram-se conhecidos como “a
direita”; os revolucionários ou patriotas ocupavam os lugares à
esquerda.
Essa
“esquerda” se dividia em dois subgrupos, integrados por membros
do Clube dos Jacobinos e do Clube dos Cordeliers. Não eram os únicos
clubes politicamente comprometidos: muitos projetos e mobilizações
da França revolucionária nasceram nesse tipo de associação, que
eram focos de vida pública, locais em que a população urbana se
reunia para discutir suas reivindicações.
Entre
os clubes revolucionários, o dos Jacobinos foi o mais influente, a
ponto de criar filiais em quase todas as províncias francesas. Os
jacobinos permitiam que deputados, escritores, jornalistas e todos
aqueles que podiam pagar altas mensalidades participassem de suas
reuniões. Nelas, discutiam-se temas que iam muito além da opção
republicana, tais como a possibilidade de uma revolução permanente,
uma ditatura revolucionária e o terror do Estado. O direito de
participação e discussão, porém, era vetado às mulheres, que não
podiam est presentes sequer como ouvintes.
Com
o aprofundamento da revolução, as divergências entre os jacobinos
dividiram o Clube, dando origem ao grupo dos girondinos,
representantes da alta burguesia e de tendência política liberal.
Inicialmente, os partidários do novo grupo eram chamados de
brissotinos devido ao nome de um de seus líderes, Brissot. Depois
passaram a ser denominados girondinos, pois muitos dos seus porta
vozes provinham da província francesa da Gironda.
Mais
popular que a associação dos jacobinos, o Clube dos Cordeliers
tinha em sua composição representantes da população mais pobre
dos subúrbios de Paris e inclusive mulheres. A mensalidade dos
Cordiliers era bem acessível, equivalente ao preço de um pão de
46º gramas no período revolucionário. Assim, o clube acabou se
tornando ponto de encontro dos sans-culottes (grupo formado por
pequenos comerciantes, artesões e assalariados) que ali discutiam
questões como a necessidade de vigilância sobre os eleitos e
funcionários públicos administrativos. Os sans-culottes e outros
setores da população pobre da capital tiveram participações
decisiva na segunda fase da Revolução Francesa, que proclamou a
República e executou Luís XVI e a rainha Maria Antonieta.
(...)
Enquanto a primeira havia sido feita por uma burguesia abastada de
togados que, depois, toma o seu cargo as administrações
departamentais e municipais, a segunda é obra da plebe de Paris, das
divisões administrativas, dos sans-culottes. (...)
Fonte: Rémond,
René. O Antigo Regime e a revolução.
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