Sistema de comunicação a
distância, baseado na e missão de impulsos eletromagnéticos, através do qual se
transmite informações escritas, na forma impressa ou na pictórica.
Pode-se delinear a evolução da
telegrafia a partir dos métodos e códigos de sinalização usados pelos povos
primitivos e antigos, passando pelo sistema visual de Claude Chappe, até chegar
às aplicações práticas da eletricidade e do magnetismo ao “telégrafo elétrico”.
Os aperfeiçoamentos introduzidos na telegrafia entre o século XVIII e meados do
século XIX transformaram-na no único meio rápido de comunicação disponível até
que o advento e a difusão do telefone determinaram acentuado declínio no
tráfego telegráfico, sobretudo no século XX. Contudo, o desenvolvimento técnico
do telégrafo, como invenção do teleimpressor e de vários outros métodos de
transmissão, demonstrou sua utilidade em certas áreas de atividade. Diversas
organizações – indústria, comércio, transportes, imprensa, governo – passaram a
operar redes próprias. Além disso, a capacidade que tem o sistema telegráfico
de enviar volumosa quantidade de mensagens e o elevado valor da informação
impressa prestam serviços que jamais podem ser efetuados por telefone.
O início do telégrafo e o código
Morse
Em 1747, William Watson demonstrou, na
Inglaterra, que a corrente elétrica podia ser transmitida a uma considerável
distância por um fio metálico, cujas extremidades, ligadas à terra, formavam um
circuito. Em fins do século XVIII, L. Galvani e A. Volta fizeram experiências
que revolucionaram as concepções sobre a eletricidade e seus efeitos. Em 1786,
Galvani descobriu acidentalmente que era possível enviar por um condutor
elétrico uma corrente direta ou contínua, gerada simplesmente pela junção de
dois metais diferentes, entre os quais existia certa substância úmida, Em 1800,
baseado nesses princípios, Volta apresentava uma bateria elétrica, que se
tornou conhecida como a “pilha voltaica”.
No mesmo ano, Francisco Salvá provou que as correntes voltaicas podiam
ser utilizadas para a transmissão de sinais. Como resultado imediato, William
Nicholson e Sir Anthony Carlisle, também em 1800, descobriram que a passagem de
uma corrente elétrica causaria a decomposição de líquidos em seus elementos
constituintes. Com esses fundamentos, Samuel Thomas von Soemmerring, Humphry
Davy, John Redman Coxe e Harrison Gray Dyar fizeram experiências de transmissão
de sinais a distância. Mas foi somente em 1819 que Hans Christian Oersted, ao
observar o comportamento da agulha magnética, descobriu que esta poderia ser
defletida mediante a passagem de uma corrente por um fio que lhe ficasse
suficientemente próximo; verificou também que a deflexão variava para a direita
ou para a esquerda conforme o sentido de direção da corrente. Um ano depois,
Johann Salomo Christoph Schweigger comprovou que a deflexão da agulha magnética
podia ser aumentada, desde que fosse envolvida por espiras de arame.
Em 1825, William Sturgeon, na
Inglaterra, inventou o eletromagneto. A ação da corrente elétrica no magneto
foi aplicada pela primeira vez à telegrafia por André Marie Ampère, em 1820,
atendendo a uma sugestão de Pierre Simon Laplace. Segundo este, pequenos
magnetos instalados na extremidade de recepção de 26 fios poderiam ser usados
para indicar as letras do alfabeto.
Em outubro de 1832, Samuel F. B.
Morse, ao voltar da Europa para os EUA, e ao inteirar-se das experiências de M.
Faraday sobre electromagnetismo, projetou a construção de um aparelho
telegráfico registrador e estabeleceu os princípios relativos a seu código de
pontos, traços e intervalos, com base na presença ou ausência de impulsos
elétricos. Três anos depois, Morse construía um modelo experimental, onde a
ação mecânica de um eletroímã movimentava uma alavanca que suportava um lápis.
A passagem de impulsos elétricos pelo eletroímã fazia que o lápis se movesse na
superfície de uma fita de papel apoiada sobre um cilindro. À medida que a fita
avançava sobre o cilindro, o lápis ia traçando uma linha ondulada, que
incorporava o código ou alfabeto Morse. Continuando suas experiências,
verificou que a corrente elétrica perdia muito de sua intensidade após passar
por um condutor de 30km de comprimento, tornando-se fraca demais para funcionar
o aparelho receptor.
Com o auxílio de Leonard Gale e
Joseph Henry, Morse construiu um aparelho auxiliar, que, instalado em um ponto
intermediário da linha, repetia automaticamente os sinais, permitindo assim que
chegassem com a devida intensidade ao fim da linha condutora. Com o emprego de
vários desses aparelhos, a linha condutora podia ser dividida em diversos
lances e alcançar a distância desejada.
Após introduzir diversos
melhoramentos no aparelho, Morse transmitiu, em 1844, o primeiro telegrama pela
linha de Washington – Baltimore, numa extensão de 64km. No século XX; embora
diminuísse consideravelmente a importância dos métodos de Morse, sobretudo
depois da introdução dos aparelhos impressores de funcionamento automático –
cujo uso se generalizou já na década de 1920 -, alguns circuitos telegráficos
ainda utilizam os principais fundamentais do sistema original. Nesses
circuitos, os sinais são emitidos segundo o código de Morse, na forma de
pulsações de corrente, curtas e longas, separadas por intervalos. As pulsações
curtas, de duração muito breve, representam os pontos; as correspondentes aos
traços têm duração três vezes maior. Os intervalos entre os componentes de uma
letra equivalem a um ponto; entre uma letra e outra, a um traço; e entre duas
palavras, a dois traços.
Referência: Encyclopaedia
Britannica LTDA; 1983 – ISBN 85 -7042 – 033 -1; fragmento vol. XV.
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